Quando eu crescer quero ser bibliotecário!

Percebi que o blog está sendo muito visitado por amigos bibliotecários. Apesar de atuar atualmente como Arquivista, também sou formado em biblioteconomia e tive a oportunidade de participar de um projeto aqui no Tribunal, onde foi possivel “desenvolver as habilidades de bibliotecario” e confesso que fiquei muito contente com o resultado.

Apesar das diferenças de objeto das duas áreas, pude perceber que também temos muita coisa em comum. E o que mais me chamou a atenção foi o reconhecimento muito maior que a biblioteca tem sobre o arquivo dentro de uma instituição. Acredito que seja por causa da visibilidade que as bibliotecas têm. Enquanto os arquivos ficam localizados em subsolos, ou galpões distantes, a biblioteca geralmente esta na porta de entrada da instituição, sendo visitada e consultada tanto pelo público interno como o externo.

O texto abaixo, reflete um pouco do que eu acho sobre o “ser bibliotecário”… categoria que eu também me incluo com muito orgulho!!!

 Texto de Marcos Soares

Quando eu crescer quero ser bibliotecário! Você já ouviu alguma criança falar isso?

Quando eu crescer quero ser bibliotecário!

Você já ouviu alguma criança falar isso? Afinal, o que é ser bibliotecário nos primórdios do século 21, com todo um avanço tecnológico na sociedade da informação? Onde está a importância desse profissional e o seu reconhecimento sócio-educativo e cultural em nossa sociedade?

No Brasil, temos 39 escolas de formação acadêmica de onde saímos com o grau de bacharel (segundo dados do Conselho de Biblioteconomia da 1ª região), o vestibular não é tão concorrido quanto os outros cursos tradicionais, que deslumbram status, porém, na sua remuneração, esse profissional pode estar muito bem na tabela salarial comparado a outros profissionais liberais.

Mas, voltando a pergunta inicial, você já ouviu uma criança dizer que quer ser bibliotecária? E os pais ficarem encantados com a escolha da profissão e saírem comentando aos quatro cantos que seu filho vai ser bibliotecário, que ele está cursando biblioteconomia? Provavelmente não.

E por que não? Eis as minhas indagações: as pessoas, na sua grande maioria, não buscam a informação além das emissoras de rádio e televisão, quando vão às bibliotecas de suas escolas, sejam elas públicas ou privadas, raramente encontram um bibliotecário disponível para atendê-lo. Isso quando a escola tem biblioteca e bibliotecário.

Nas universidades privadas e públicas, esse profissional sempre está envolvido com processamentos administrativos ou técnicos. Nas outras áreas em que ele atua, raramente aparece em frente a um projeto, se mostrando no sentido denotativo da palavra, não que ele não se envolva, alguns chegam até a ser parte essencial daquele projeto, porém ficam inibidos na hora de utilizar seu marketing pessoal, existem exceções, mas são raras.

Recentemente, um colega comentou que seu ex-supervisor, um homem graduado, questionou por que precisamos cursar quatro anos de faculdade para exercer a função de bibliotecário, tendo ele como área de percepção o espaço biblioteca, porque, apesar de atuarmos em qualquer unidade onde possa existir informação, seja ela bibliográfica ou não, o bibliotecário, na mente da maioria dos mortais, ainda está vinculado às estantes de livros organizados verticalmente.

Para muitos, faz-se necessário apenas guardar os livros nas prateleiras e emprestá-los quando alguém precisa consultá-los ou fazer uma pesquisa. Daí eu questiono aos colegas bibliotecários e aos órgãos de classe, que nos representam como pessoas jurídicas, onde está a visibilidade da profissão?

Será que está apenas em um cartaz parabenizando pelo dia 12 de Março, que comemora o dia do bibliotecário e o nascimento de Manuel Bastos Tigre, bibliotecário que se projetou na biblioteconomia pelas suas ações em prol da profissão, exerceu a profissão por 40 anos sendo o primeiro bibliotecário concursado no Brasil em 1915? Onde está a nossa auto-estima?

O que fazer para que a sociedade conheça esse profissional, que os nossos filhos nos olhem com orgulho e que as crianças despertem o interesse em um dia, quando crescerem, terem como opção, além da carreira das áreas médica, advocacia, engenharia, a biblioteconomia sem se sentir pequeno, porque qualquer profissão, seja ela de cunho liberal ou não, quando é exercida e temperada com vocação, prazer e uma remuneração justa, merece todo o reconhecimento e respeito de uma sociedade em desenvolvimento que tem como alicerces políticos a educação como prioridade para alcançar o posto de primeiro mundo.

Marcos Soares
Bibliotecário daUFPE
CRB4/1381
colegioinvisivel@bol.com.br

Publicado em 9 de dezembro de 2008, em Bibliotecário, Biblioteconomia e marcado como , . Adicione o link aos favoritos. 2 Comentários.

  1. Olá Marcos!
    Acabei de concluir o curso de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Quanto à escolha da profissão,confesso que a oferta abundante de empregos e a escassa demanda de profissionais me atraíram. Mas no decorrer do curso percebi que existia uma paixão latente pelos livros, leitura, pesquisas e o ambiente de bilbiotecas que frequentei na infância e adolescência.Penso que a divulgação da nossa profissão é uma questão puramente cultural. Enquanto que em alguns
    países não há discriminação, sinto na minha própria família um certo “estranhamento”.
    Precisamos de coragem e determinação para romper este “muro” do preconceito e do próprio desconhecimento.
    Até breve!

  2. Eu estou cursando biblioteconomia na UFMG. Penso que essa visão que as pessoas tem do bibliotecário é uma coisa cultural,mas nada que nós,novos bibliotecários não possamos mudar trabalhando bem e mostrando nosso real valor para a sociedade e para o mundo…

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